Resenha de O verão em que tudo mudou

Livro: O Verão em que tudo mudou
Série: -
Editora: Faro Editorial
Gênero: Romance Contemporâneo
Páginas: 304
Sinopse: A vida às vezes guarda inúmeras surpresas. E, sem avisar, ela muda de direção.

Na hora você não entende, já que “tudo parecia estar bem”. Então percebe que havia sinais…. um sentimento, uma lembrança, um fato que parecia bobo, mas não era… É quando a gente entende que todo o caminho estava errado, que nada fazia muito sentido. Pelo menos, pra você…

Fred sente-se absolutamente comum diante de um mundo com tanta gente especial. Lavínia, ao alcançar aquilo que parecia um sonho, algo pelo qual tanto lutou, descobre que a nova conquista nunca foi realmente um desejo seu. E Sol, sem perceber, vive sempre à espreita, desconfiada, em constante alerta, tentando controlar tudo ao redor, na esperança de não se ferir novamente…

Mas que controle podemos ter diante de tudo?

Três jovens, de cidades distantes, com diferentes realidades, descobrindo o mundo a partir de suas próprias escolhas: complexo, difícil, libertador. Três histórias que se cruzam, no exato momento em que se coloca, diante de cada uma delas, uma exigência capaz de definir algo para o resto de suas vidas.

O tempo parece que voa quando se é jovem. Há um mundo de coisas acontecendo e a sensação é de que é preciso correr. Mas o que é melhor? Ficar num porto seguro? Guiar-se pelo cérebro ou pelo coração? Independentemente das escolhas, há uma hora meio mágica, meio fatal na vida, que todos precisamos encarar. E este é o momento, a estação, O verão em que tudo mudou.


O Verão em que tudo mudou contém três contos que relatam as histórias de três jovens. Cada conto se passa em um mês do período da estação do ano. As histórias tem relação uma com a outra no sentido das protagonistas serem amigas.

O primeiro conto intitulado "Quando infinitos se encontram", escrito por Vinícius Grossos, conta a história de Frederico, mais conhecido como Fred. Ele é um rapaz recém-formado no ensino médio. Por conta da pressão da família, o rapaz começou a trabalhar em uma livraria, porém ele sente que na sua idade o que deveria estar mesmo fazendo é uma faculdade. A grande questão é: qual curso fazer?

Esse dilema e outros estão emaranhados na vida de Fred. Além disso, sua família viveu uma grande perda dos seus avós, criando assim um rombo nos parentes e fazendo com que eles distanciassem com o tempo. Em dezembro, em pleno natal, a família não tem motivação para comemorar nada. Fred entrou nesse clima, porém isso muda quando conhece Valentina, uma garota audaciosa e não pensa antes de falar.

O conto trata de questões sérias, mas trabalhadas sutilmente. A história é narrada pelo ponto de vista de Fred. Assim, conhecemos mais do personagem e sua jornada para autocompreender e descobrir suas expectativas para o futuro, seus sonhos e o que pode fazer com que sua vida não fique estagnada.


O segundo conto se chama “Mantenha-se viva!”, escrito por Gabriela Freitas. A vida inteira, Lavínia teve seus sonhos e desejos dos seus pais. Sempre foi uma filha obediente e estudiosa. Porém, quando passou em arquitetura, em uma das faculdades mais famosas do país, uma grande questão brota em sua mente: “Se é isso que eu queria, porque não estou feliz?”. Esse pensamento começa a mexer as engrenagens de sua mente e a garota decide abrir mão do sonho de seu pai e planeja viajar para compreender o que ela, somente ela, quer fazer exatamente para ser feliz. Além disso, seu namoro já estava morto, ela decide apenas enterrar e finalizar a relação.

Sua viagem começa de um modo inesperado. Conhece um rapaz chamado Cauê. Rapaz charmoso, bonito e comunicativo. O que ela não esperava é sentir uma atração por ele. Sua estadia em Búzios será de muitos acontecimentos felizes e rever seu passado, que tem uma ferida aberta e precisa ser tratada, pois Lavínia vivenciou uma perda que a deixa desestabilizada atualmente.

Uma história de perdas e como supera-las. Sentimentos não esperados, mas que são bem-vindos quando serão de grande aprendizado. Lavínia é uma personagem delicada, mas no decorrer de sua trajetória vai ganhando força e suas escolhas são direcionadas para o alvo de sua felicidade. Achei essa trama bastante comovente, inspiradora e amei como a personagem lidou sozinha com o turbilhão de sentimentos dentro de si.


“Pôr do sol” é o nome do terceiro e último conto, escrito por Thaís Wandrofski. Sol é a rainha das listas, a garota mais controladora que você respeita. Isso é um dos seus defeitos, mas que não reconhece. Um dia Sol é confrontada e a partir daí inicia um processo de olhar para dentro de si e analisar suas atitudes com as pessoas ao seu redor. É algo real, que não só ela, mas todos nós precisamos fazer a cada dia. Seu olhar começa a reparar coisas que antes não percebia. Além desse processo, algo inusitado acontece: Sol recebe um SMS de um número desconhecido e com uma mensagem sem pé e sem cabeça. O que ela não esperava é virar amiga do remetente e ainda sentir algo a mais.

Suas inseguranças ficarão à flor da pele, seu medo de não mudar também é uma das questões mostradas no decorrer da trama. Esse conto mostrou um dos meus preferidos, pois a autora soube trabalhar de maneira objetiva e inserir elementos atrativos à leitura, como mensagens de texto entre os personagens e a dinâmica da narração intimista com o leitor. O que me deixou um pouco com uma pulga atrás da orelha foi a maneira que os dois protagonistas se encontram, achei que poderia ter sido de forma diferente, e não algo irreal.

Os três contos relatam histórias de jovens que estão na transição para a vida adulta em busca de respostas para o futuro. Enquanto um desenvolve a ideia de alguém introvertido e a descoberta de seus sonhos, o outro trabalha com a ideia de recomeçar sua vida e tratar das feridas do passado, e por fim sobre a questão de rever suas atitudes e como fazer para se tornar alguém melhor, ter empatia com os outros ao seu redor.

Gostei da escrita de cada autor, por ter tornado algo homogêneo num todo. Todos seguiram a mesma linha e isso não deve ser uma coisa fácil, pois cada autor tem sua escrita e suas ideias. A ideia de relacionar os contos também foi algo inteligente e a maneira trabalhada para isso acontecer bem construída.

O livro contém uma edição primorosa. Além de ter a fonte azul, há diversas ilustrações com trechos dos contos. Gostei bastante de cada detalhe que editora trabalhou. É um livro não somente com histórias lindas, mas com uma edição desenvolvida com esmero.



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